Nóticias IAC
Centro de Cana IAC tem nova estrutura\r\n
Evento de implantação da nova estrutura será no próximo dia 28 de março, em Ribeirão Preto
Por Carla Gomes (MTb 28156) ? Assessora de Imprensa ? IAC
O Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) comemora sua reestruturação, que envolve a chegada de novos pesquisadores e o aumento da equipe de funcionários de apoio, além da aquisição de áreas e equipamentos de trabalho. A cerimônia de implantação da nova estrutura será no próximo dia 28 de março, às 9h, em Ribeirão Preto.
Até a chegada dos nove novos pesquisadores, sendo 89% desses com título de doutor ou pós-doctor, a equipe do Programa Cana IAC se restringia a oito pesquisadores que se dedicam à pesquisa com cana-de-açúcar. Apesar dos poucos recursos até então, muitos têm sido os resultados gerados para cultura de maior área no Estado de São Paulo, com cerca de três milhões de hectares.
Com as novas estruturas, a expectativa é que os trabalhos sejam ampliados a fim de atender à dimensão e à importância da canavicultura no Brasil, que deve saltar dos atuais seis milhões de hectares para dez milhões nos próximos oito anos, segundo o pesquisador Marcos Guimarães de Andrade Landell. ?Agora poderemos ter uma gestão mais inovadora e diferenciada, com ampliação da ação programática?, afirma Landell, que pesquisa cana há 23 anos. A idéia é ampliar a geração de conhecimentos na área de melhoramento genético, matologia, ambientes de produção, nutrição e adubação e, futuramente, pesquisar cana orgânica.
O pesquisador do IAC, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, explica que até então, a falta de área e de equipamentos próprios dificultava as atividades do Centro de Cana, que agora dispõe de 240 hectares de terra. Os 32 funcionários de apoio para as áreas de administração, de pesquisa de campo e de laboratórios que estão sendo integrados ao Centro serão outro elemento fortalecedor dos programas de pesquisas. Esses programas, apesar da pouca estrutura, nos últimos 10 anos resultaram em centenas de artigos científicos e técnicos, quatro livros e dezenas de treinamentos para os integrantes da equipe e parceiros. Também na última década, o IAC desenvolveu nove variedades de cana-de-açúcar, sendo uma delas, a IAC86-2480, a primeira no Brasil específica para alimentação bovina.
De acordo com Landell, com a nova estrutura, o Centro de Cana do IAC está se propondo a ampliar a sua atuação, desenvolvendo tecnologias para sustentar a canavicultura em São Paulo e também na região Centro-Sul do País. O objetivo é ampliar a ação do Centro de Cana com enfoque em nutrição, adubação e tolerância de novas variedades a herbicidas e à seca. ?O número de projetos de pesquisa deve ser duplicado, gerando mais informação e ampliando a base de sustentação da canavicultura?, afirma Landell.
Na avaliação do pesquisador, o fortalecimento do Centro de Cana do IAC atende uma expectativa do setor sucroalcooleiro, pois efetivará um dos principais centros de excelência da canavicultura brasileira. Esse avanço chega no momento que esse setor experimenta uma expansão similar à ocorrida na década de setenta, com a implementação do PROALCOOL. O Brasil é, atualmente, o maior produtor de cana do mundo, com o menor custo de produção, resultando na geração de álcool, açúcar, co-geração de energia através do bagaço, além de cana para alimentação animal e cachaça, esta, hoje, importante item de exportação. Para preservar esse mercado, segundo Landell, a canavicultura deve ser ampliada para áreas ainda não ocupadas e isso requer pesquisas. ?O Centro de Cana do IAC deve ser um propulsor para essa expansão.? O pesquisador explica que para expandir a cultura com sucesso são necessárias pesquisas in loco, isto é, o pesquisador tem que ir aos locais e fazer estudos nas áreas onde se pretende cultivar. ?Agora, com a nova estrutura, isso será possível?, diz.
De acordo com Landell, a estrutura poderá crescer ainda mais com a parceria do setor produtivo. Os recursos humanos e a infra-estrutura, ora viabilizados pelo Governo poderão ser potencializados pelas parcerias. ?A idéia é somar esses esforços de ambiente de interação para geração de pesquisas?.
Dessa união poderão surgir vários resultados, como a implantação de viveiro de mudas das novas variedades de cana IAC, a fim de disponibilizá-las às associações de produtores. Para isso, o diretor do Centro planeja a união com o setor, que será beneficiado pelos resultados científicos.
Diante da nova estrutura, nos próximos anos deverão ser ampliadas as pesquisas em algumas áreas estratégicas, a fim de alcançar o aumento de rendimentos agrícolas e industriais. Além do melhoramento genético, pretende-se enfocar a área de fitossanidade, incluindo o manejo de pragas, métodos de levantamentos, quantificação de danos, eficiência de medidas culturais, biológicas e químicas de controle, em cana crua e queimada. Também será estudado o manejo de plantas daninhas em sistema de plantio direto, colheita com e sem queima, persistência de herbicidas no solo, controle alternativo de plantas daninhas e avaliação da suscetibilidade de novas cultivares a herbicidas, estudos realizados juntamente com outras instituições como o Instituto Biológico, também da APTA/SAA. Na área de nutrição e adubação, serão feitos estudos sobre fontes não convencionais de nutrientes com eficiência e economicidade para a cultura da cana e adubação orgânica, com vistas à obtenção de selo verde. Com foco no manejo e sistema de produção, as pesquisas envolverão as tecnologias agrícolas sustentáveis, ampliando o contexto de produção agrícola da cana-de-açúcar, na associação com culturas de rotação, como soja, amendoim e girassol. Com vistas para a preservação ambiental, é programado o estudo dos impactos ambientais do uso de resíduos da indústria canavieira, a poluição do solo e da água provenientes do uso de defensivos e a cana-de-açúcar em sistema de cultivo orgânico.
Relevância
Na avaliação do pesquisador Marcos Landell, as inovações que irão manter a competitividade do setor sucroalcooleiro brasileiro deverão resultar da integração de áreas multidisciplinares e da percepção das peculiaridades regionais. Por isso, o Centro pretende ampliar as interações com produtores de cana, indústrias fornecedoras de insumos e processadoras de matéria-prima, além de instituições de pesquisa e ensino.
O Programa Cana IAC, implantado em 1991, vem tendo relevante participação na geração de tecnologias para o setor nessa última década, sendo responsável pelo fornecimento de novas variedades de cana com alta produtividade agrícola, alto teor de açúcar, resistência às doenças e pragas, porte ereto, despalha espontânea e precocidade, entre outras características que facilitam o cultivo e o processamento.
As pesquisas do IAC se destacam também pelo desenvolvimento de estratégias defensivas para as condições climáticas adversas e os desafios fitossanitários que possam ocorrer. A criação de novos conceitos de qualificação de ambientes de produção e de manejo também tem orientado os estudos. Na última década, as tecnologias do IAC passaram a ser desenvolvidas para nichos ambientais específicos, proporcionando ganhos superiores para o canavicultor. Além do melhoramento genético da cultura, o Centro de Cana IAC atua nas áreas de fitotecnia, fisiologia, fitopatologia, entomologia, matologia, pedologia, fertilidade, adubação e climatologia, de modo a oferecer completo suporte para o produtor.
O conhecimento gerado no Programa Cana IAC tem sido compartilhado com o setor por meio de encontros periódicos, resultando em um trabalho conjunto e de cooperação entre o IAC e as empresas da agroindústria. A equipe IAC conduz cerca de 300 experimentos por ano, em parceria com 50 usinas, duas cooperativas de fornecedores, nove empresas de agroquímicos, máquinas e implementos agrícolas. Essas redes experimentais privilegiam o Estado de São Paulo e tem algumas inserções nos Estados do Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás.
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