Centro de Frutas

A expansão da fruticultura de clima temperado e subtropical em São Paulo está fortemente ligada às atividades do Instituto Agronômico. Além da viticultura, as pesquisas englobam uma ampla gama de frutas, como amoreira, abacaxizeiro, maracujazeiro, pessegueiro, nectarineira, pereira, marmeleiro, macadâmia, nespereira e caquizeiro.

Estes estudos têm como objetivo primordial aprimorar as técnicas de cultivo e desenvolver novas variedades de frutas e nozes com alto potencial agronômico, utilizando principalmente melhoramento genético. Na área da viticultura, são conduzidos trabalhos nos principais polos vitivinícolas do estado, abordando desde a aplicação de reguladores vegetais para melhorar a qualidade dos cachos e uniformizar o brotamento das videiras, até sistemas de condução e cultivo protegido. Essas técnicas buscam alcançar maior produtividade, melhor qualidade dos cachos, redução na incidência de doenças e diminuição da necessidade de mão de obra.

A avaliação do comportamento de diferentes copas e porta-enxertos de uvas para mesa, vinho e suco é uma parte integral desses estudos. Adicionalmente, a análise da diversidade genética e a caracterização dos acessos das coleções de germoplasma são realizadas para selecionar genitores nos programas de melhoramento voltados para uvas destinadas ao processamento.

Nas culturas de frutas de clima temperado, como pêssegos e nectarinas, busca-se desenvolver variedades superiores adaptadas às condições climáticas de São Paulo, com menor exigência de frio.

Já nas fruteiras de clima tropical, como o abacaxi e o maracujá, os esforços concentram-se na melhoria da produção e qualidade dos frutos. No caso do abacaxizeiro, o objetivo é criar variedades resistentes a pragas e doenças, além de folhas sem espinhos. Em 2010, foi lançado o IAC Fantástico, resistente à fusariose, a principal doença que afeta essa espécie no Brasil. Essa variedade se destaca pela ausência de espinhos na coroa, o que facilita sua manipulação.

 

Histórico

"(...) Dom Pedro II, já no ocaso de seu reinado, coberto de glórias, compreendia e aguardava o fim próximo da escravidão, previnindo e preparando o País para alicerçar o trabalho rural em bases científicas, digno de ser praticado por homens livres. Corria o ano de 1887, um ano antes da libertação dos escravos, quando aconselhado pelo Ministro da Agricultura Antonio Prado, fundou o Instituto Agronômico de Campinas. A semente lançada em solo fecundo germinou, cresceu, frondejou e oferece hoje magníficos frutos (...)"

Texto: Joaquim Ferraz do Amaral, Bragantia, v.1, n.1, p.1-2,1941.

Sobre

A história da fruticultura no Instituto Agronômico (IAC) se desdobra em duas fases distintas e significativas:

A primeira fase abrangeu o período de 1887 até o final da década de 1930. Caracterizou-se por anos de interrupções, mas consolidou-se em 1929 com o início das pesquisas experimentais em fruticultura. Nos primeiros 40 anos do IAC, as contribuições de Franz Wilhelm Dafert, F. Noack, João Herrmann, Theodureto L. A. Camargo e Felisberto C. Camargo destacaram-se como os verdadeiros precursores da fruticultura racional em São Paulo.

A segunda fase teve início pouco antes de 1940 e foi marcada por ações pioneiras no melhoramento genético da videira (1938) e de outras frutas de clima temperado (1947), estendendo-se até os dias atuais. Nesse período, as pesquisas enfocaram a seleção de variedades robustas para o estado paulista e o aprimoramento de técnicas de manejo de plantas, ecofisiologia, biotecnologia, fitossanidade e genética das frutas de clima temperado, subtropical e tropical.

Neste contexto, os pesquisadores José R. A. Santos Neto, Silvio Moreira e Orlando Rigitano se destacaram pelo pioneirismo e coragem nas suas contribuições.

Mehoramento Genético

A história do melhoramento genético de frutíferas no IAC teve início em 1938 com a videira e, nove anos mais tarde, com o pessegueiro. Graças às iniciativas pioneiras de Santos Neto e Rigitano, as pesquisas subsequentes foram conduzidas com grande eficiência e ganharam reconhecimento internacional.

Os sucessores desses visionários, mantendo o espírito de perseverança e fortalecendo o trabalho em equipe, têm continuado a tradição, desenvolvendo com sucesso novas cultivares que atendem às demandas da fruticultura moderna em São Paulo e no Brasil. Nos últimos 20 anos, aproximadamente 40 cultivares IAC de frutas, tanto temperadas quanto tropicais, foram lançadas, viabilizando o cultivo até mesmo em regiões pouco tradicionais.

Atualmente, São Paulo é capaz de produzir frutas durante todos os meses do ano, abastecendo o mercado com produtos frescos e proporcionando rentabilidade razoável em todas as etapas da cadeia produtiva. Este progresso é resultado direto da evolução contínua do trabalho em melhoramento genético e pesquisa na fruticultura do IAC.

Atuação

Desenvolvemos pesquisa em:

  1. Melhoramento Genético de Pêssego e Nectarina

    • Desenvolvimento de novas variedades adaptadas às condições edafoclimáticas de São Paulo.
    • Avaliação agronômica de variedades introduzidas.
    • Manutenção e introdução de acessos no banco de germoplasma.

  2. Melhoramento Genético da Videira

    • Criação de porta-enxertos resistentes a pragas do solo.
    • Desenvolvimento de novas variedades de uva para mesa e vinho.
    • Manutenção, caracterização e expansão do banco de germoplasma de videira.

  3. Abacaxi

    • Produção de cultivares resistentes à fusariose e sem espinhos para consumo e indústria.

  4. Nogueira-Macadâmia

    • Desenvolvimento de marcadores de microssatélites em Macadamia integrifolia.
    • Coleta e avaliação de variedades para seleção de genitores.
    • Desenvolvimento e avaliação de novas variedades de Macadamia integrifolia pelo IAC.

  5. Pereira

    • Avaliação do desempenho de variedades de pereira no contexto paulista.

  6. Frutas Diversas

    • Introdução, conservação e avaliação de germoplasma de frutas nativas e exóticas.
    • Estudo de cultivo de amoras e framboesas para o estado.

  7. Nutrição e Adubação em Fruteiras

    • Uso eficiente de adubos e nutrientes em mudas frutíferas.
    • Validação de recomendações de adubação e estabelecimento de normas para diagnóstico foliar.

  8. Comportamento Copa e Porta-Enxerto de Videira

    • Estudo da afinidade entre copa e porta-enxerto para diferentes tipos de uvas.
    • Avaliação de produtividade, qualidade, nutrição e fenologia.

  9. Reguladores Vegetais em Vinhas

    • Aplicação de reguladores para melhoria de cachos e brotação uniforme.

  10. Sistemas de Condução e Cultivo Protegido na Viticultura

    • Avaliação de sistemas de condução e cobertura para diferentes tipos de uva.

  11. Comercialização de Estacas e Mudas

    • Produção e comercialização de estacas de porta-enxertos de videira e mudas de abacaxizeiro de qualidade.

  12. Estudo do Sistema "Paredão Frutal"

    • Avaliação de produção, qualidade de frutos e plantas no sistema de "Paredão Frutal", favorecendo a mecanização dos tratos culturais, como a poda.

ENSINO

Os pesquisadores do Centro de Frutas contribuem na formação de recursos humanos, orientando alunos em graduação (estagiários), com bolsas de Iniciação Científica, e da pós-graduação do Instituto Agronômico de Campinas e da Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP, ESALQ / USP, Unicamp, UFG, Cantareira, FATEC Jundiaí e IF.

Produtos e serviços

  • Cursos e treinamentos.
  • Dias de campo.
  • Comercialização de porta-enxerto de videira (estacas), das variedades:

        IAC 571-6 (Jundiaí)

        IAC 766 (Campinas)

        IAC 572 (Jales)

        IAC 313 (Tropical)

  • Comercialização de mudas do abacaxizeiro IAC Fantástico.
  • Comercialização de sementes genéticas das cultivares IAC de maracujá amarelo.

        O Cento de Pesquisa e Desenvolvimento de Frutas produz sementes genéticas das cultivares IAC de maracujá amarelo para atendimento de viveiristas e produtores individuais. As sementes são despachadas pelo correio, via Sedex, para qualquer lugar do Brasil. Para maiores informações e realização de pedido de sementes fazer contato através do telefone (11) 4582 7284 ou pelo e-mail: centrofruticultura.iac@gmail.com

 

CULTIVARES DE MARACUJAZEIRO AMARELO AZEDO DO IAC

Características e produção de sementes

IAC 273 – ‘Monte Alegre’ -  produz frutos para consumo ‘in natura’, grandes, de formato preferencialmente arredondado, podendo apresentar frutos um pouco alongados, em virtude da necessária variabilidade genética natural do maracujá. Apresenta casca grossa, que confere maior resistência ao murchamento do fruto após a colheita sendo, portanto, indicado para plantio em locais mais distantes do mercado, em que os frutos terão que manter suas características por um tempo até chegar ao consumidor. Sua polpa apresenta cor amarelo a amarelo-alaranjada.

IAC 277 – ‘Jóia’ - produz frutos grandes, de formato preferencialmente alongado, podendo apresentar, também, frutos um pouco arredondados. Apresenta casca menos grossa que o IAC 273 sendo, portanto, indicado para plantio em locais mais próximos do mercado em que os frutos poderão chegar mais rápido ao consumidor. Apresenta polpa de coloração alaranjado claro à alaranjado intenso que, associada ao maior rendimento de polpa devido a casca mais fina, o habilitam como fruto de dupla finalidade, podendo atender os mercados de fruta fresca e produção de polpa.

IAC 275 – ‘Maravilha’ - produz frutos para a produção de polpa, de tamanho médio, de formato preferencialmente alongado, podendo apresentar, também, frutos arredondados. Apresenta casca fina que confere alto rendimento de polpa. Sua polpa, de cor alaranjado intenso, apresenta elevado teor de sólidos solúveis podendo alcançar 16 a 17 graus Brix, características valorizadas pela indústria de suco.

IAC 1013 – ‘Laureado’ - produz frutos para a produção de polpa, de tamanho médio, formato preferencialmente arredondado, podendo apresentar, também, frutos alongados. Apresenta casca muito fina que confere altíssimo rendimento de polpa. Sua polpa apresenta cor alaranjado intenso a alaranjado avermelhado. Suas características são complementares ao IAC 275, de maneira que é recomendado o seu plantio em proporção de 50/50% entre as duas cultivares, para obter os melhores parâmetros de qualidade para a produção de polpa.

 

 

Equipe

Armando Reis Tavares                       http://lattes.cnpq.br/8402137497329434

Graciela da Rocha Sobierajski           http://lattes.cnpq.br/8562473608114690                                  

Jose Emilio Bettiol Neto                     http://lattes.cnpq.br/0723851445759565

Jose Luiz Hernandes                         http://lattes.cnpq.br/9162951330159116

Luiz Antonio Junqueira Teixeira         http://lattes.cnpq.br/6027969069823298

Mara Fernandes Moura Furlan          http://lattes.cnpq.br/3214875501188579

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