Nóticias IAC
Usina de Goiás é líder nacional de produtividade a partir da adoção de pacotes tecnológicos do IAC
Programa Cana IAC levantou a produtividade de usinas responsáveis por 62% da produção brasileira de cana
Há 13 anos a Usina Denusa, no clima árido de Goiás, tinha uma produtividade média de 50 toneladas por hectares de cana-de-açúcar. A parceria com o Instituto Agronômico (IAC), iniciada em 2011, a levou a adotar os pacotes tecnológicos desenvolvidos pelo Programa Cana IAC e, em 2023, a empresa ocupou a liderança nacional de produtividade com modernidade pelo Índice IAC, conforme resultado do levantamento feito pelo Programa Cana IAC em dez regiões canavicultoras brasileiras. A usina recebeu o Prêmio IAC de Produtividade com Modernidade que, em sua primeira edição, buscou identificar os produtores de cana que se destacam no setor sucroenergético pela produtividade e também pela adoção de novas variedades de cana-de-açúcar.
A Denusa também lidera a produtividade em Goiás e Tocantins. O Prêmio IAC de Produtividade com Modernidade foi entregue também às campeãs de cada região, em setembro, em Ribeirão Preto, interior paulista.
O prêmio é fundamentado nas respostas ao questionário, respondido por 219 unidades, dentre usinas, destilarias e grandes produtores que respondem por 62% da produção brasileira e 59% da área de cana. Os resultados foram apurados considerando a quantidade de açúcar produzida, por hectare, e a adoção de variedades modernas de cana.
“Ficamos gratos com o prêmio não só pela produtividade, mas também pelo fato de a Denusa ser uma usina que há 13 anos tinha uma produtividade média de 50 toneladas, por hectare, e saltou para a maior produtividade do Brasil em toneladas de açúcar por hectare. É muito gratificante, ainda mais com o apoio do IAC, que a partir de 2011 passou a nos trazer as informações sobre variedades e nós conduzimos essas informações”, comenta Antônio Carlos de Oliveira Junior, gerente de planejamento agrícola da Denusa.
Como foi o levantamento
O Índice IAC de Produtividade com Modernidade (IIPM) foi elaborado a partir de dois fatores: toneladas de açúcar por hectare dos cinco primeiros cortes (TAH5) e a idade média das variedades plantadas (número de anos após a liberação varietal - ILV). Para isso, as usinas que participaram da pesquisa enviaram suas planilhas de produção e produtividade da safra 2022/23 e do Censo Varietal desta mesma safra. As participantes tinham que apresentar produção superior a 350 milhões de toneladas de cana.
O Programa Cana IAC obteve informações de 219 usinas, destilarias e grandes produtores, cenário que representa mais da metade das unidades produtoras de cana-de-açúcar no território nacional.
As localidades levantadas e as campeãs foram: no estado de São Paulo, as regiões de Araçatuba (Diana Bioenergia), Assis (Tarumã, do Grupo Nova América), Jaú (Ferrari, do Grupo Ferrari), Piracicaba (Santa Maria, do Grupo J. Pilon), Ribeirão Preto (Santa Elisa, do Grupo Raízen) e São José do Rio Preto (Irmãos Paro); Estados do Norte e Nordeste exceto Alagoas, que foi considerada uma região específica no levantamento (Maity Bioenergia, do Maranhão); Estados de Goiás/Tocantins (Denusa); Matos Grosso/Mato Grosso do Sul (Rio Brilhante, do Grupo Raízen); Minas Gerais/Espírito Santo (Uberaba, do Grupo Balbo) e Estado do Paraná (Jacarezinho, do grupo Maringá. Alguns estados foram agrupados em função do pequeno número de respostas.
“A adoção do manejo e de variedades modernas seguramente geram retorno do investimento econômico e ambiental, garantindo a sustentabilidade para as empresas”, diz Braga Jr.
O primeiro passo da mudança foi a mudança do plantel varietal
Antônio Carlos de Oliveira Junior, gerente de planejamento agrícola da Denusa, relata que, até iniciar a parceria com o IAC, em 2011, a Denusa tinha 75% de seus campos concentrados em três variedades de cana apenas – uma que ainda é muito plantada no Brasil e duas que não são mais cultivadas.
Essas três variedades antigas não geravam produtividade alguma – pelo contrário – tinha decréscimo de produtividade de 25% a 30% por ano! “Hoje a usina tem variedade que apresenta queda de produtividade inferior a 8% de um corte para outro, índice considerado normal pelo Marcos Landell (pesquisador e diretor-geral do IAC)”, diz.
O primeiro passo rumo à mudança foi mudar o plantel varietal, multiplicando variedades mais atuais. “Tínhamos as variedades IACSP95-5000 e a IAC91-1099, colocamos no viveiro e tivemos evolução de 1 para 50, na época. Em um ano nós fizemos duas colheitas de mudas.”
A unidade seguia recebendo mais informações e outras variedades novas. Fez-se também a introdução do manejo de matriz bidimensional, que posteriormente originou o manejo do terceiro eixo, em que é feita primeiramente a colheita dos piores ambientes no início de safra, depois os médios e por último a colheita nos melhores ambientes. “De 2011 a 2015 nós ganhamos 35 toneladas de cana a mais – saímos de 50 para 85 toneladas de média somente aplicando a matriz bidimensional – sem adição de adubos, sem melhoria na nutrição e sem correção de solo. A matriz bidimensional proporcionou um ganho muito grande em TCH e longevidade do canavial”, destaca.
A partir de 2015, com o avanço na produtividade e o reforço no caixa da Denusa, foi dado o passo para melhorar a nutrição do solo e da planta. “Fizemos a classificação de solo e ambientes de produção com base em treinamento feito em Piracicaba, com o pesquisador do IAC, atualmente aposentado, Hélio do Prado. “Trabalhamos noventa dias direto fazendo amostragem de solo, classificando o solo e o ambiente de produção e enviando para análise do pesquisador. O terceiro passo foi a introdução do Sistema do Terceiro Eixo, que considera o estágio de corte na estratégia de produção, comenta.
Ao elencar as tecnologias que o IAC levou para a empresa, Oliveira Junior também ressalta o Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB). A Denusa tem um núcleo de produção de MPB com capacidade para produzir até oito milhões de mudas.
“Além da introdução de novas variedades, que trouxe a sustentação no nosso manejo, destaco também o entendimento do encaixe de cada variedade para a matriz tridimensional de colheita e o ambiente de produção. Não se sabia o que era ambiente de produção dentro da Denusa”, comenta Oliveira Junior sobre os pilares de tecnologias IAC que elevaram a usina goiana ao patamar de líder estadual e nacional.
Atualmente, no enfrentamento da podridão da casca, uma doença que recentemente tem aparecido nos canaviais, a equipe da usina conta com apoio do pesquisador do IAC, Ivan Antonio dos Anjos.
Adoção de novas tecnologias são mais frequentes nas usinas de alta produtividade
Goiás e Minas Gerais iniciaram na canavicultura há cerca de dez anos. É a chamada nova fronteira. Estabelecida no bioma Cerrado, essa canavicultura apresenta resultados superiores aos do estado de São Paulo, mais tradicional nesse segmento e também mais resistente às novas tecnologias desenvolvidas e preconizadas pelo Programa Cana IAC.
“Essas regiões tendem a ter maior abertura a tecnologias porque já trabalhavam com soja e milho, que têm alto emprego tecnológico. Com a chegada da cana, eles estavam mais abertos aos novos recursos ofertados pelo IAC”, comenta o estatístico e consultor do programa Cana IAC, Rubens Braga Jr, responsável pelo levantamento.
Ele conta que algumas empresas paulistas adotaram também os resultados de pesquisas do IAC, mas - na média - as unidades paulistas são mais resistentes frente à adoção de novas recomendações. “Goiás e Minas estão suplantando o estado de São Paulo em termos médios de produtividade”, afirma.
O setor sucroenergético, de maneira geral, teve bons resultados em produtividade no ano de 2023. O IAC pretende trabalhar para que os resultados sejam ainda melhores em 2024.